Dra. Mayra Abrahão aborda impacto psicológico da fibromialgia e reforça importância do cuidado emocional em audiência na Câmara de Ubá

Dra. Mayra Abrahão aborda impacto psicológico da fibromialgia e reforça importância do cuidado emocional em audiência na Câmara de Ubá

A psicóloga clínica Dra. Mayra Abrahão contribuiu de forma profunda e técnica para o debate sobre fibromialgia e dor crônica durante a audiência pública realizada na Câmara Municipal de Ubá, na noite do dia 21 de maio de 2025. A iniciativa, promovida pela Comissão de Pessoas com Deficiência, foi proposta pela vereadora Aline Melo, que mais uma vez demonstrou sensibilidade ao levar à pauta temas de saúde invisíveis, porém extremamente debilitantes.

Com uma abordagem baseada na Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), Dra. Mayra trouxe uma visão científica e prática sobre os efeitos emocionais e comportamentais da fibromialgia. “A fibromialgia é uma condição crônica, difusa, persistente, e ainda sem causa definida. Ela é multifatorial, e seu impacto vai muito além da dor física. Envolve o emocional, o histórico familiar, o contexto social, econômico e até político do paciente”, explicou.

Segundo a psicóloga, de 2% a 3% da população brasileira é afetada pela doença, com predominância em mulheres entre 30 e 55 anos. A sobrecarga feminina — que inclui trabalho, filhos e múltiplas responsabilidades — é, segundo ela, um fator agravante do sofrimento físico e mental. “As mulheres acumulam funções e muitas vezes negligenciam o autocuidado, o que contribui para o agravamento dos sintomas da fibromialgia”, pontuou.

Baseando-se em um estudo realizado entre 2015 e 2019, Dra. Mayra apresentou dados que mostram como os quadros de ansiedade e depressão são altamente prevalentes entre pacientes fibromiálgicos. “Essas pessoas abandonam práticas saudáveis, deixam de fazer exercícios, alimentam-se mal, se isolam socialmente e muitas vezes perdem a autoestima. A dor a a dominar todos os aspectos da vida.”

Ela relatou casos clínicos para ilustrar a dificuldade desses pacientes em manter rotinas básicas. “Tive uma paciente que não conseguia mais caminhar, algo que ela adorava fazer. Com incentivo e exposição gradual, ela retomou a prática e viu melhora não só na dor, mas também na mente.”

A psicóloga alertou sobre o impacto das chamadas distorções cognitivas — pensamentos negativos automáticos que amplificam a dor, alimentam sentimentos de incapacidade e podem levar a pensamentos suicidas. “O sofrimento é real. Quando o paciente diz ‘essa dor nunca vai ar’, isso não é exagero. Ele realmente acredita nisso. E nós, profissionais, precisamos trabalhar para que esses pensamentos sejam reformulados.”

Outro ponto forte de sua fala foi o impacto do ambiente familiar. “Muitas vezes, a fibromialgia é acompanhada de julgamentos, como se fosse preguiça ou exagero. Isso leva o paciente ao isolamento, à vergonha e à culpa. E o sofrimento aumenta. Precisamos escutar, acolher e validar essa dor.”

Dra. Mayra reforçou que o tratamento psicológico não substitui os demais, mas é um pilar fundamental dentro da abordagem multidisciplinar que envolve também médicos, fisioterapeutas e nutricionistas. “O psicólogo ajuda a trabalhar as emoções, a reconstruir a autoestima, a lidar com o estresse, a tomar decisões importantes e, principalmente, a resgatar a vontade de viver.”

Ao final de sua fala, compartilhou uma frase que orienta sua prática profissional:

“Conheça todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.”

A audiência pública foi encerrada com aplausos e grande emoção. A vereadora Aline Melo agradeceu a presença de todos os profissionais e reforçou que o objetivo da reunião foi cumprido: levar informação, acolhimento e visibilidade a quem convive com a fibromialgia.

“É preciso compreender que essa dor vai além do corpo. Ela pede atenção, empatia e políticas públicas. Estamos aqui para construir pontes e não deixar ninguém sofrer sozinho”, afirmou a parlamentar.

Confira na íntegra a participação da Dra. Mayra Abrahão:

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