Operação Éris: Médica e Advogado de Ubá estão entre os presos suspeitos de envolvimento no assassinato de pai e filho em Guidoval
Quase um ano e meio depois, Polícia conclui inquérito sobre assassinato de pai e filho em Guidoval e prende cinco envolvidos, entre eles médica e advogado da própria família

Foi em dezembro de 2023 que a Zona da Mata se chocou com um crime brutal registrado na zona rural de Guidoval, cidade a cerca de 19 quilômetros de Ubá, em uma estrada de terra próxima à divisa com Guiricema. Ali, foram encontrados os corpos de Elben Fofano, de 55 anos, e de seu filho Gabriel Fofano, de apenas 22 anos, ao lado de uma caminhonete, no cenário que agora volta ao noticiário com novas revelações.
Na época, o caso causou comoção. Testemunhas relataram à polícia que três homens, usando roupas pretas e se ando por policiais civis, chegaram em uma caminhonete com brasões da Polícia Civil e sequestraram as vítimas em casa. Elben e Gabriel foram levados à força, e horas depois seus corpos foram encontrados baleados e abandonados. A caminhonete usada no crime também foi achada acidentada, na mesma região.
Desde então, a principal linha de investigação da Polícia Civil apontava para um crime motivado por disputa de herança, e agora, quase 17 meses depois, essa suspeita se confirma.
Na manhã desta quarta-feira, 7 de maio, a Polícia Civil deflagrou a Operação Éris e prendeu cinco pessoas envolvidas diretamente no duplo homicídio. Três delas seriam os executores do crime — os homens que sequestraram e assam pai e filho. Mas o que mais chamou a atenção foi a prisão dos dois mandantes: uma médica e seu marido advogado, que são, segundo as investigações, irmã de Elben e tia de Gabriel, e planejaram a morte por causa de um conflito envolvendo uma herança avaliada em cerca de 30 milhões de reais em propriedades rurais.
Segundo a polícia, os mandantes queriam ficar com a totalidade dos bens herdados da família, e por isso teriam planejado o crime, acreditando que, com a morte de Elben e Gabriel, a parte dos dois aria automaticamente para eles.
O delegado responsável pelas investigações, Douglas Mota, ainda deve conceder uma entrevista coletiva nas próximas horas para detalhar a conclusão do inquérito, que contou com longos meses de trabalho e diligências intensas. Segundo fontes da polícia, o crime foi meticulosamente arquitetado pelos próprios parentes, numa trama de ganância que terminou na destruição de uma família.
Com as prisões realizadas e os mandados cumpridos, o inquérito está encerrado, mas o caso continua a repercutir. A pergunta que fica é: vale a pena destruir laços de sangue por causa de bens materiais? A resposta parece estar no destino dos envolvidos — vítimas que perderam a vida e mandantes, agora réus, que perderam a liberdade, a honra e a paz.
Éris
O nome da operação, com origem na mitologia grega, faz referência à deusa da discórdia. Conhecida por semear conflitos e disputas, Éris simboliza o estopim de desentendimentos e rivalidades — o que guarda relação direta com a motivação do crime, impulsionado por interesses patrimoniais e familiares envolvendo a herança milionária.