Pai faz alerta sobre perigo de brigas de organizadas após perder filho
Ademar Andrade comenta que nos últimos cinco anos o filho se envolveu com a torcida organizada 23° Comando de Sabará da Máfia Azul e que fazia um apelo ao filho

Com olhos marejados e voz serena de quem quer dar uma lição de exemplo, o pai de Rodrigo Marlon Caetano Andrade, comentou sobre a morte do filho que foi baleado em uma briga de torcidas organizadas do Atlético e Cruzeiro, neste domingo, 6, no bairro Boa Vista, na região Leste de Belo Horizonte. Ademar Eustáquio Andrade, 52, fez um alerta para o perigo das brigas de torcidas organizadas.
“Nessa vida, infelizmente temos que estar preparados para tudo. A gente vê acontecendo com outras famílias, nunca imagina que vai acontecer com a nossa. E hoje aconteceu comigo. Deixo um conselho para quem faz parte de torcida organizada, que seja Máfia Azul, Galoucura, Coelhada: foge disso enquanto é tempo. Muitas famílias já choraram e hoje a minha família está chorando. Amanhã, com certeza, outras famílias vão chorar - tanto de um lado quanto do outro- porque é guerra, eles marcam guerra”
Ademar, que é aposentado, comenta que nos últimos cinco anos o filho, de 25 anos, se envolveu com a torcida organizada 23° Comando de Sabará da Máfia Azul e que fazia um apelo ao filho. "Sai desse negócio de torcida organizada. Não tem problema você torcer para time de futebol, mas tem que saber torcer", afirma. “Ele chegava em casa com camisa, apetrechos todos de Máfia Azul em casa. De lá para cá, ele mudou bem, mudou completamente”.
O pai de Rodrigo ite que vai queimar todo o material de time do filho que tem em casa e que tudo deve caber em dois sacos grandes. "Tudo o que acontece serve de ensinamento. Eu sou cruzeirense e não foi isso que ensinei para ele", avalia o pai.
Ademar mais as esposas davam conselho, mas não adiantava.O filho, que morava com eles em Sabará, não obedecia e sumia de casa. Às vezes, dormia na sede da Máfia Azul no Barro Preto. "Ficava dois, três dias fora de casa", pontua. "Ele estava muito rebelde. Chegava em casa alterado, quando o time perdia, saia bravo".
Indignado, não escondeu sua insatisfação. "Torcida organizada, os caras vão para o tudo ou nada. É difícil falar nessa hora, mas torcida organizada pra mim é tudo bandido. A gente sabe que no meio de torcida organizada – nunca fui, mas fiquei sabendo – rola de tudo: droga, orgia. Os camaradas são treinados para ter ódio. Para pegar a torcida rival, pegar, machucar e matar. Ir para o tudo ou nada”
Sem sentimentos de vingança, Ademar busca neste momento serenidade para ter forças e seguir em frente. “Com quem ele brigou, com quem foi, eu não quero saber. Quem que fez, não quero saber. Só sei que – com certeza ele já deve ter participado de muitas outras coisas que fez com as outras pessoas. Ele colheu o que plantou. Conselho não faltava para sair disso”, afirmou. "A gente aconselhou, aconselhou, aconselhou; falou, falou, falou”.
Rodrigo Marlon Caetano Andrade deixa um filho de cinco anos.